Esquizofrenia é uma doença que acomete vários aspectos da vida da pessoa e de seus familiares. O curso típico da doença inclui a alternância entre episódios psicóticos agudos (semanas) e fases crônicas (meses e anos). O risco de esquizofrenia ao longo da vida fica entre 0,7% a 1% e, frequentemente, inicia-se na adolescência ou no início da vida adulta.
Podem ser identificados diferentes subtipos de esquizofrenia, como a paranóide, a hebefrênica, a catatônica e indiferenciada.
A esquizofrenia paranóide é a mais comum e por isso vou me ater a ela.
Na sua fase aguda o doente pode ficar agressivo, pois acaba agindo em função das alterações em seu pensamento e sensopercepção, como delírios e alucinações, respectivamente. O comportamento pode se desorganizar, o humor alterar, e estar prejudicada a capacidade para trabalhar e se cuidar sozinho, necessitando de orientações de terceiros. Durante este momento da doença o tratamento medicamentoso com antipsicóticos típicos ou atípicos é fundamental para remissão e controle dos sintomas psicóticos. Muitas vezes a internação se faz necessária, com o objetivo de proteção e cuidados de uma equipe especializada. Este momento pode ser difícil para quem convive com a pessoa doente, por isso a informação e compreensão dos sintomas pode facilitar a interação familiar.
Durante a fase crônica, predominam os sintomas de: embotamento afetivo, anedonia, isolamento social, depressão, desesperança, déficits cognitivos – função executiva, atenção e memória. O paciente demonstra diferença em relação ao seu funcionamento social antes da doença e depois. O estímulo para buscar novos sonhos não é o mesmo, o que muitas vezes a família não compreende. A disfunção social e ocupacional dos pacientes doentes pode estar presente somente no quadro agudo, como também persistir por toda a sua vida. O tratamento medicamentoso é fundamental para estabilizar o quadro e se faz necessário durante todas as fases da doença.
O tratamento da pessoa com esquizofrenia deve abordar todos os aspectos da doença e não só ficar na remissão dos sintomas psicóticos. Trabalhar com uma equipe interdisciplinar é fundamental para a busca de uma plena recuperação do paciente. Desenvolvendo uma recuperação social, qualidade de vida, prevenindo as recaídas (fase aguda) e conseguindo a melhoria da adesão ao tratamento. A psicoterapia e os grupos terapêuticos tem como objetivos acolher o paciente no momento da crise; orientar sobre a doença, procurando dar-lhes dados de realidade; estimular a integração, assim como também a capacidade de identificar e lidar com os sentimentos e trabalhar com o paciente sua readaptação na sociedade, visando desta forma uma melhor qualidade de vida.
Aqui no Bairral, a unidade que acolhe os pacientes em sua fase aguda é a Vivenda e em sua fase crônica a Esplanada, ambas unidades possuem uma equipe técnica própria e projeto terapêutico apropriado para cada momento da doença.
Autoras: Dra. Daniele Maria W. Rennó (Médica Psiquiatra) e Fernanda Evelma P. Iamarino (Psicóloga), integrantes da equipe da unidade Esplanada.
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