Patologia em foco: Dependência Química

Quando falamos em dependência química abrimos um imenso leque de conceitos relacionados a questões clínicas, comportamentais, legais, sociais e culturais. Além do mais, deparamo-nos com um crescente número de substâncias psicoativas (SPA) disponibilizadas no “mercado”, de modo que seria impossível abranger todos estes aspectos neste artigo.

Antes de tudo é importante alinhavar alguns conceitos relacionados ao uso de SPA e que nos permitirão compreender melhor os critérios diagnósticos e as formas clínicas da dependência.

A dependência de uma substância é um fenômeno que envolve aspectos biológicos e psicológicos que foram considerados na elaboração dos atuais critérios diagnósticos. Embora apresentem algumas diferenças, a Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV) consideram aspectos em comum no diagnóstico da dependência de substâncias.

Em linhas gerais podemos fazer as seguintes caracterizações:

  • Tolerância – Necessidade de quantidades crescentes de determinada substância para obter um determinado efeito, ou redução do efeito com o uso continuado da mesma quantidade.
  • Abstinência – Sinais e sintomas físicos e psíquicos que surgem em decorrência da interrupção ou redução do consumo de determinada substância, e que em geral impulsionam ao uso para aliviar tais sintomas.
  • Descontrole – Desejo e falha em reduzir ou controlar o uso.
  • Saliência do comportamento – Prioridade do consumo em detrimento de outras atividades ou responsabilidades, com significativa utilização do tempo no sentido de usar ou obter a substância. Uso apesar da consciência do malefício.

Também recebe classificação o uso nocivo, que exclui os critérios para dependência, mas considera danos tanto nas esferas física quanto psíquica e até mesmo social e legal.

O uso de SPA pode levar aos estados de dependência e uso nocivo, como já citado, mas também a comprometimentos agudos e crônicos tais como intoxicação aguda, síndrome de abstinência, transtornos psicóticos e alterações cognitivas.

As principais classes de SPA conhecidas são: álcool, anfetaminas, cafeína, cannabis, cocaína, alucinógenos, inalantes, nicotina, opióides, fenciclidina e sedativos.

O quadro abaixo sintetiza as porcentagens de uso de diversas substâncias em um levantamento realizado por Carlini e cols. em 2005.

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Droga %
Qualquer droga 19,4
Maconha 6,9
Solventes 5,8
Orexígenos 4,3
Benzodiazepínicos 3,3
Cocaína 2,3
Xaropes (codeína) 2,0
Estimulantes 1,5
Opiáceos 1,4
Anticolinérgicos 1,1
Alucinógenos 0,6
Barbitúricos 0,5
Crack 0,4
Merla 0,2
Heroína 0,1

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No Instituto Bairral o tratamento da dependência química envolve abordagem multiprofissional, baseada em um modelo que contempla:

Diagnóstico psiquiátrico e clínico apurados

  • Identificação das frequentes comorbidades (depressão, ansiedade, TDAH, transtorno bipolar)
  • Atividades de reabilitação (grupos terapêuticos, terapia ocupacional e esporte)
  • Assistência de enfermagem
  • Apoio do Serviço Social
  • Grupos de ajuda mútua baseados nos Princípios dos 12 Passos

Contamos com a supervisão técnico-científica do Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira, e com a parceria com o Governo do Estado de São Paulo.

Este modelo tem trazido importantes avanços na qualidade de vida dos pacientes, por representar uma forma de atendimento humanizado e cientificamente embasado.

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Autores:

Dr. Marcelo Ortiz de Souza (Médico Psiquiatra do setor de Dependência Química do SUS do Instituto Bairral)

Marjorye A Siqueira (Psicóloga do setor de Dependência Química do SUS do Instituto Bairral)

Dr. Marcelo e Marjorye
Dr. Marcelo e Marjorye

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Comentários

Um comentário a “Patologia em foco: Dependência Química”

  1. Avatar de Henrique Souza

    Ótimo o trabalho de vocês, também somos especializados no tratamento de dependentes químicos.

    Missão Reviver | http://www.missaoreviver.com.br

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