Os transtornos alimentares constituem síndromes psiquiátricas que acometem, sobretudo, adolescentes e adultos jovens do sexo feminino. Estão associados a importante aumento de morbidade e mortalidade, e causam grande prejuízo no funcionamento global do paciente. Tais síndromes cursam com comportamentos alimentares alterados e controle do peso através de atitudes caóticas, estas motivadas por uma percepção distorcida do próprio corpo, isto é, da imagem corporal e do peso da pessoa. É possível identificar duas síndromes principais: a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.
A anorexia nervosa (AN) caracteriza-se por grande e inexplicável medo de engordar e recusa em manter o peso corporal em nível igual ou acima do mínimo que se considera normal para a idade e a altura da pessoa. Este índicador é medido pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que é a divisão do peso pelo quadrado da altura. Nesta condição o IMC é menor que 17,5 kg/m2. Esta perda de peso se dá à custa de restrição alimentar e/ou práticas purgativas (vômitos, uso de laxantes, diuréticos, etc.), ocorrendo distorção da imagem corporal e amenorréia.
A bulimia nervosa (BN) caracteriza-se por episódios bulímicos (grande e rápida ingestão de alimentos com a sensação de perda de controle), acompanhados de práticas compensatórias que, embora inadequadas para o controle de peso, são realizadas com esse intuito: vômitos induzidos; uso de diuréticos, inibidores de apetite e laxantes; exercícios físicos e dietas. Os pacientes com BN apresentam peso normal ou acima do normal, associado a padrão alimentar altamente irregular.
O tratamento destas patologias deve ser baseado em uma abordagem multidisciplinar, com assistência psiquiátrica, psicológica e nutricional. Pode ser realizado ambulatorialmente. Nas situações mais graves deve ser indicada internação; são casos em que estão presentes: risco de auto ou heteroagressividade, rápido e persistente declínio da ingestão alimentar, perda rápida de peso, apesar da intervenção ambulatorial, presença de quadro psiquiátrico comórbido grave e resistente, impossibilidade de reduzir ou interromper comportamentos purgativos, recusa de tratamento apesar da gravidade, falta de suporte familiar e complicações clínicas graves secundárias ao transtorno.
O Instituto Bairral disponibiliza o tratamento intra-hospitalar para tais patologias, o qual é realizado na unidade Mirante, visando à reabilitação nutricional, assistência psicológica e manejo medicamentoso do transtorno alimentar e comorbidades psiquiátricas.
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Autora: Dra. Ana Clara Franco Floresi
Médica Psiquiatra do Instituto Bairral de Psiquiatria
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