O mês de outubro foi bastante movimentado para as atividades do Centro de Estudos Psiquiátricos Américo Bairral (CEPAB), isto porque os participantes puderam debater de forma multidisciplinar as dimensões clínicas, psicológicas, sociais, psiquiátricas, éticas e legais relacionadas com o tema HIV/AIDS em duas mesas-redondas realizadas nos dias em 6 e 20 de outubro.
A Dra. Alessandra Diehl, médica psiquiatra do Instituto Bairral, abordou a evolução histórica de aproximadamente 30 anos após a grande epidemia de HIV e AIDS no Brasil e no mundo, contextualizando a questão do estigma, do preconceito, da mobilização da sociedade civil em prol de pesquisas e tratamento para o portador de HIV e da AIDS, além dos novos contextos, desafios e paradigmas da doença no mundo contemporâneo. Ela ressaltou que a cada hora, no mundo, um adolescente é infectado pelo vírus HIV segundo dados na UNICEF/UNIADS, e que especialmente este público não vivenciou os anos 80, quando ter o vírus HIV era sinônimo de uma “sentença de morte”, e hoje muitos adolescentes tendem à banalização de medidas preventivas de sexo seguro alegando existir tratamento. A Dra. Alessandra comentou:
“É fato que existe tratamento e os portadores da doença atualmente tem uma excelente sobrevida, mas os medicamentos chamados de antirretrovirais não são qualquer medicamento, visto que há uma série de efeitos colaterais difíceis de serem tolerados, além de ser preciso tomar remédio a vida toda”.
O Dr. Marcel Nunes, médico psiquiatra da Vivenda, uma das unidades de tratamento do Instituto Bairral, focalizou os aspectos neuropsiquiátricos do vírus HIV dentro das perspectivas de investigação e manejo clínicos.
A enfermeira Beatriz Zancheta trouxe as atualizações de medidas preventivas e procedimentos pós-exposição ao vírus.
À psicóloga Daiane Sartorelli, coube a explanação sobre a importância do acolhimento e atitude empática e humana no momento da comunicação do diagnóstico de soropositividade, além da descrição das fases psicológicas pelas quais em geral qualquer portador de doença crônica passa.
A assistente social Andreia Madruga exibiu um vídeo do Ministério da Saúde bastante elucidativo sobre os aspectos sociais do portador do vírus HIV, e também expôs os direitos adquiridos do paciente, os quais incluem principalmente o direito ao tratamento com medicações e assistência menos burocratizada, como já ocorre em nosso país.
O Dr. Marcelo Ortiz, diretor técnico do Instituto Bairral, finalizou a programação abordando os aspectos éticos e legais relacionados ao atendimento do portador do vírus HIV, seus direitos e seus deveres dentro da ótica da nossa legislação, da Constituição Federal e do Conselho Federal de Medicina.
O auditório do Centro de Educação Continuada do Instituto Bairral, que abrigou as explanações e os debates, ficou lotado nos dois dias, observando-se muita interação entre os participantes e os palestrantes, com perguntas, comentários, duvidas e propostas para a nossa realidade.
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