A eletroconvulsoterapia (ECT) é um tipo altamente eficaz e seguro de tratamento para transtornos mentais. Em alguns casos, salvar a vida de uma pessoa (alguém com idéias de suicídio ou que não esteja se alimentando, por exemplo). Desde os seus princípios, nos anos 1930, a ECT foi utilizada para condições psiquiátricas nas quais outros tratamentos tiveram pouco ou nenhum benefício. Infelizmente, há um grande desconhecimento por parte de muitos e um preconceito por parte de alguns a respeito da ECT (antigamente conhecida como eletrochoque). Muitas pessoas ficam surpresas quando descobrem que ainda se faz ECT na atualidade, pois acreditam que se trata de uma forma ultrapassada de prática médica. Outros associam a ECT com cadeira elétrica, tortura e punição. Na verdade, a prática de ECT é hoje um procedimento humano e tecnicamente bem pesquisado, de eficácia comprovada, muito utilizado para certas condições. O tratamento consiste na aplicação de uma carga elétrica no cérebro, com o paciente anestesiado (é induzida uma anestesia geral de curta duração). Esta carga elétrica produz uma descarga no cérebro, originando uma convulsão de alguns segundos. Durante a aplicação, é feita uma monitorização do funcionamento cardíaco e da oxigenação do sangue, além de um controle da pressão arterial.
Os aparelhos utilizados para a ECT atualmente são muito desenvolvidos, permitindo que se dê uma carga de energia adequada para cada paciente. Pode-se realizar a aplicação bilateral (na qual os eletrodos são posicionados nas têmporas) ou unilateral (na qual os eletrodos são posicionados um na têmpora e o outro na região superior da cabeça).
Quando se faz?
A principal indicação para o uso de ECT é a depressão, especialmente se for grave, ou resistente ao tratamento com remédios, ou nos casos em que haja um risco elevado de suicídio. A eficácia para este transtorno é muito alta (em torno de 90%), comparada com as medicações (em torno de 70%). Pacientes idosos, que são mais sensíveis aos efeitos colaterais das medicações antidepressivas, podem se beneficiar bastante com a ECT. Também pode ser utilizada para casos em que haja catatonia (uma síndrome comum na esquizofrenia na qual a pessoa fica completamente parada, sem falar e sem se alimentar). Para pacientes com transtornos mentais durante a gestação (depressões, psicoses) a ECT é o tratamento mais seguro, pois os remédios podem fazer mal à criança, induzindo mal formações, especialmente no primeiro trimestre da gravidez. Pacientes com esquizofrenia ou transtorno bipolar do humor em fase de mania também podem se beneficiar da ECT, especialmente quando o quadro é grave e/ou as medicações não obtiveram resultado satisfatório.
Quais os riscos?
Apesar de ser um tratamento muito seguro, existem algumas condições nas quais há um risco maior e que, por isso, há uma contra-indicação relativa para o uso da ECT. É claro que, se o risco de ficar sem ECT for maior, deve-se fazer a ECT, tomando-se os devidos cuidados.
As contra-indicações relativas são:
– Infarto do miocárdio recente (até 6 meses) , condições que aumentam a pressão intra-craniana (tumores ou hematomas) e aneurisma cerebral ou sangramentos cerebrais (“derrames”).
– Arritmias do coração devem ser avaliadas por um cardiologista, pois a maioria não contra-indica a utilização de ECT.
Assim, para que haja maior segurança, antes do início das aplicações, é sempre realizada uma avaliação clínica cuidadosa e uma avaliação do médico anestesista.
Quais os efeitos colaterais?
São dois os principais efeitos colaterais da ECT:
- Dor de cabeça (que costuma melhorar com analgésicos comuns do tipo dipirona ou aspirina)
- Alterações na memória (que é recuperada completamente no prazo máximo de 6 meses)
Curso do tratamento
A ECT costuma ser realizada três vezes por semana, levando uma média de 6 a 12 aplicações para apresentar o seu efeito (mínimo de 1 e máximo de 20 aplicações). Pode ser feita com o paciente internado ou em regime ambulatorial (o paciente vem da sua casa para a sessão e, depois que acorda da anestesia, volta para casa). A freqüência e o número das aplicações é decidido pelo consenso entre o médico do paciente que indicou a ECT e a equipe especializada. Se o paciente responde bem ao tratamento, pode ser realizada a ECT de manutenção, na qual as aplicações vão sendo espaçadas (primeiro semanalmente, depois quinzenalmente e, por fim, mensalmente). Não há limite para o número máximo de aplicações que uma pessoa pode receber em um esquema de manutenção.
Instituto Bairral de Psiquiatria
Serviço de ECT: Telefone: (19) 3863-9424
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