O encontro do Centro de Estudos Psiquiátricos Américo Bairral (Cepab) do mês de agosto de 2016 contou com duas palestras: do assistente social Maurício Landre (coordenador técnico da Comunidade Terapêutica Rural Santa Carlota) e do médico-residente R2 em psiquiatria Dr. Flávio Henrique Barros De Simoni. Ambos discorreram sobre o tema das evidências científicas atuais disponíveis sobre o tratamento da dependência química em comunidades terapêuticas (CTs). Maurício iniciou sua fala com o histórico das CTs, trazendo à luz os seus primórdios e destacando seus fundadores, como o renomado e mundialmente conhecido Dr. George de Leon, até chegar aos dias atuais, com o trabalho que sua equipe vem realizando na CT Santa Carlota, que é uma parceria entre o Governo do Estado de São Paulo e o Instituto Bairral de Psiquiatria.
Dr. Flávio deu continuidade ao tema do encontro apresentando uma breve revisão de artigos científicos que tratam de componentes com desfecho significativo para corroborar a efetividade do modelo. Mostrou, sobretudo, para quem este modelo pode ser mais efetivo, porque e como ele pode ser efetivo; ser mais velho e sem qualquer diferença entre os sexos foram condições associadas a maiores índices de conclusão do tratamento. Revelou, ainda, que “os estudos sugerem também a necessidade de criação de programas específicos para tratamento de mulheres em CTs, valorizando alguns gatilhos importantes como o abuso sexual e psicológico enfrentado por grande parte desse grupo”. Além disso, concluiu que a maioria dos autores está de acordo em considerar o tempo de estadia como um indicador válido de resultados, sendo 3 meses o tempo médio estipulado para que o paciente possa apresentar uma melhora clinicamente significativa. Vários estudos sugerem a necessidade de adaptar as CTs ao tratamento de pacientes dependentes químicos com comorbidades, dada não só a prevalência desses pacientes, como a maior dificuldade em obter bons resultados em seu tratamento.
Para o R1 Alcenor Filho, um dos participantes do encontro, a atividade foi muito interessante, pois lhe permitiu entender melhor o conceito de CT e também entrar em contato com números impressionantes relacionados à baixa retenção destes pacientes em tratamento, sendo que o maior tempo de permanência na CT tende a predizer menos recaídas no período posterior à reinserção social.
Deixe um comentário