O Instituto Bairral de Psiquiatria promoveu no dia 14 de março a palestra “Educação financeira – Vamos falar de dinheiro?”, ministrada por Conrado Navarro, que possuí MBA executivo em finanças e é sócio fundador do Dinheirama, considerado o melhor blog do mercado de finanças.
O evento aconteceu no anfiteatro da instituição e foi endereçado a todos os funcionários. A escolha do tema se deu em função da sugestão de um funcionário, feita por intermédio da “Caixa de Sugestões”.
Conrado Navarro disse que ao longo da vida foi mudando seu ponto de vista sobre o dinheiro, passando a valorizá-lo como algo realmente capaz de trazer a felicidade. O fato de ensinarem as crianças que o dinheiro é sujo, acredita, é o primeiro fator que leva alguém a ser malsucedido financeiramente. Define também que toda pessoa deve se considerar a mais importante de todas, e pensar primeiro nela e depois nas demais, mesmo no ambiente familiar. Justifica que só assim realmente ela terá condições de cuidar das outras, portanto, não considera essa forma de agir como sendo egoísmo.
Enfatiza que as pessoas ficam se desculpando o tempo todo pelo fato de não estarem bem financeiramente: “não tenho dinheiro pra nada”, “ganho mal”, “não tenho tempo para administrar meu dinheiro” e “trabalho demais”, são algumas das desculpas dadas.
Contudo, o palestrante considera que não é nada fácil mudar essa forma de pensar, sendo necessário um motivo muito forte para que ocorra uma mudança de atitude e, ao invés de só gastar, também se passe a poupar: “A pessoa tem que alimentar dentro de si uma solução financeiramente inteligente e passar a refletir se de fato está dando a devida atenção para coisas importantes, e poupar é uma delas.” E em razão do descontrole financeiro, justificou, 70% dos brasileiros vivem estressados, não sabem como equilibrar de maneira sadia a vida familiar e financeira.
Em certo momento da palestra perguntou: “Você tem tempo para você?”. E respondeu: toda pessoa tem que ter um tempo para ela, inclusive para que possa refletir sobre as formas de como lidar com o dinheiro, e essa é uma tarefa que precisa ser priorizada. É importante também, continuou, que os pais transmitam bons exemplos aos seus filhos, pois certamente serão imitados. As pessoas devem se preocupar com as próximas gerações, inclusive educando-as quanto a gastos racionais, alertou.
Chamou a atenção para a importância de se fazer uma reserva financeira para emergências. Justifica que é comum as pessoas viverem numa zona de conforto, no “piloto automático”, onde tudo é feito sem questionar. Assim, o primeiro passo para uma educação financeira é se tornar um administrador das próprias finanças e, para que isso aconteça, é importante chamar a família e expor toda situação, pedir a colaboração de todos. Depois, valorizar cada centavo que se tenha em mãos. Deve-se, também, pensar e planejar ações, as quais podem ser a curto, médio ou longo prazo. Em relação às compras, procure sempre fazer boas negociações, nunca se envergonhando de pedir descontos. Procure crescer profissionalmente e não fique só esperando aumento de salário. Informe-se sobre investimentos e não valorize demasiadamente a satisfação imediata, ou seja, a compra por impulso, pois é preciso priorizar o que vai se comprar. Importante, também, é não agir como vítima do sistema e da situação, colocando a culpa nos outros por não ter resistido e comprado e, finalmente, é necessário não ter preguiça para mudar. Neste instante alegou que veio pronunciar esta palestra para induzir a plateia a pensar em fazer planejamento financeiro.
A respeito do mercado financeiro, mostrou que existem várias formas de investimentos; no entanto, títulos de capitalização e carros não o são. Desaconselhou que se faça adiantamento do imposto de renda e também se comprometa o 13° salário para pagamento de contas, não o considerando como dinheiro extra. Se a pessoa tiver entrado no cheque especial ou devendo no cartão de crédito, aconselhou que se faça acordo com as instituições e transforme uma divida maior numa menor, o que pode ser feito por meio de um crédito consignado. Não pegar dinheiro emprestado para pagar compras por impulso é igualmente importante: “80 milhões de brasileiros estão endividados, o que corresponde a 42 % da sua população, sendo 30% de jovens de 21 a 30 anos.”
Boa decisão, continuou, é a gente pensar no futuro e não se deixar levar por situações que parecem levar à felicidade, deixando então a frase: “evite comprar o que não precisa, com dinheiro que não tem, para impressionar quem você não gosta”. Cuidado com status, alertou, e procure viver dentro de sua possibilidades. Faça uma avaliação ou diagnóstico de sua situação financeira e, para isso, durante um mês, anote tudo o que ganhou e gastou. A partir de então, defina suas metas e objetivos. Compartilhe com a família sobre as mudanças que pretende fazer, porém, evite fazê-las bruscamente e, se não der certo, não se desmotive e comece tudo de novo.
O que é importante, concluiu, é não gastar mais do que se ganha e sempre ficar de olho nas despesas esporádicas, não se esquecendo de direcionar pelo menos 15% da receita para investimentos.
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Autor: Antonio Carlos Crivelaro
Cirurgião-dentista do Instituto Bairral
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