O autismo é caracterizado por uma combinação de características pautadas pelo prejuízo na interação social e na comunicação, verbal e não verbal (gestos, por exemplo), e por padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades. Usualmente o quadro tem início precoce, antes dos 3 anos de idade. A prevalência é de quatro a cinco crianças em cada 10.000, com predomínio maior em indivíduos do sexo masculino.
A etiologia do autismo é múltipla e decorrente de condições pré, peri e pós-natais. A influência genética mostra que pode existir uma associação com outros quadros sindrômicos, como Síndrome do X-frágil e esclerose tuberosa, entre outros.
Para a realização do diagnóstico é necessária uma história do desenvolvimento pré e perinatal, exame médico (avaliação da audição, fala, acuidade visual), além de exame neurológico e encaminhamento para avaliação fonoaudiológica. A realização de testagem neuropsicológica também é importante, assim como a realização de exames de imagem (tomografia e ressonância magnética de crânio).
Tipicamente os pais percebem que seus bebês têm dificuldade em aconchegar-se no colo, não gostam de receber carinho, não imitam os gestos e pouco buscam contato visual. Após os 12 meses essas crianças optam por brincadeiras mais solitárias, repetitivas e estereotipadas, interagindo com seus pares de maneira distante e demonstrando dificuldades em compreender suas expressões faciais.
Em geral, criança autista demonstra falta de interesse nas pessoas como pessoas (embora as pessoas possam ser de interesse para outras funções, atuando como possibilidades de satisfazerem seus desejos, buscando água, fornecendo doces). O interesse social pode se desenvolver em 50% dos autistas, mas os problemas persistem na responsividade social, reciprocidade e capacidade para empatia.
Aproximadamente 50% não adquirem a linguagem falada, sendo que o restante pode possuir prejuízos na semântica (compreensão do significado), na linguagem pragmática (uso de linguagem no contexto) e na prosódia (melodia da fala). O desenvolvimento da fala, caso surja, é tipicamente alterado. As anormalidades encontradas são as repetições de palavras e frases de outra pessoa de maneira imediata ou retardada (ecolalia), reversão pronominal (“você” por “eu”), uso de palavras inventadas (neologismos) e questionamentos repetitivos.
O repertório de atividades e interesses é restrito e repetitivo. As mudanças de rotina e de seu ambiente podem ser vivenciadas por meio de brusca alteração de comportamento. O prejuízo cognitivo está presente em 75-80% dos casos.
Os aspectos associados são as anormalidades do comportamento motor, como as estereotipias (exemplos: abanar as mãos, balanceio), hipo e hiperatividade e respostas anormais aos estímulos sensoriais (hipersensibilidade a sons e insensibilidade a dor).
Autora: Dra. Bruna Antunes de Aguiar Ximenes Pereira
Médica Psiquiatra do Instituto Bairral de Psiquiatria
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