Patologia em foco: Retardo Mental

O retardo mental é definido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto das capacidades mentais, manifestando-se pelo comprometimento das habilidades cognitivas que são adquiridas ao longo do desenvolvimento na infância e na adolescência.

Inclui principalmente as aptidões intelectivas, a linguagem e a capacidade de adaptação social. Indivíduos com retardo mental representam cerca de 2 a 3% da população geral.

Caracteriza-se pela presença de inúmeras limitações em áreas como linguagem e comunicação, autocuidado (saúde, higiene e segurança), habilidades do indivíduo em alcançar as expectativas de seu grupo cultural e capacidade adaptativa básica na escola, trabalho e/ou lazer.

O quociente de inteligência (QI) é uma medida convencional da capacidade intelectual do indivíduo baseada nas averiguações das habilidades intelectuais (verbais, visuoespaciais, abstração, cálculos, etc.), obtido por meio de testes individuais padronizados, como por exemplo: Escalas Wechsler de Inteligência para Crianças – Revisada, Stanford Binet, Bateria Kaufman de Avaliação para Crianças.

A média populacional de QI é igual a 100; em indivíduos com retardo mental um QI inferior a 70 é esperado, porém essa condição pode ser diagnosticada em indivíduos com QI entre 70 e 75 e que apresentem déficits significativos no comportamento adaptativo; de modo inverso, não deve ser diagnosticado em  indivíduos com um QI inferior a 70 se não houver  déficits ou comprometimento importante no funcionamento adaptativo.

O funcionamento adaptativo refere-se ao modo como o indivíduo enfrenta eficientemente as exigências comuns da vida e o grau em que satisfaz os critérios de independência pessoal esperados para alguém de sua faixa etária, bagagem sociocultural e contexto comunitário.

Quatro níveis de gravidade podem ser especificados de acordo com o comprometimento intelectual: retardo mental LEVE (QI 50-55 até aproximadamente 70), MODERADO (QI 35-40 a 50-55), GRAVE (QI 20-25 a 35-40) e PROFUNDO (QI abaixo de 20-25).

O retardo mental leve corresponde a 85% de todos os indivíduos com algum grau de retardo, o moderado 10%, o grave 3 a 4% e o profundo1 a 2%.

No retardo mental leve o indivíduo é capaz de usar a fala em situações do dia-a-dia, pode ser totalmente independente nos cuidados de si próprio, pode ter dificuldade na escrita e na leitura, dificuldade em lidar com conceitos abstratos complexos, e pode haver imaturidade emocional.

No retardo mental moderado o indivíduo apresenta aquisição escolar limitada e necessita de supervisão técnica para a realização de tarefas. Epilepsia e incapacidades neurológicas e físicas são comuns neste grupo.

No retardo mental grave não é rara a ausência total ou quase completa da capacidade comunicativa do indivíduo; muitas vezes não fala ou aprende poucas palavras, e necessita de apoio e supervisão para cuidados pessoais e higiene. São frequentes neste grupo quadros de autismo, hiperatividade grave e auto-agressão.

No retardo mental profundo o indivíduo é gravemente limitado em sua capacidade de entender ou de agir de acordo com as solicitações, e para sobreviver muitas vezes requer supervisão e cuidados básicos. Neste grupo frequentemente se identificam lesões cerebrais e presença de etiologia orgânica.

Dra. Mara Cristina Bueno Chiarelli
Dra. Mara Cristina Bueno Chiarelli

Autora: Dra. Mara Cristina Bueno Chiarelli

Médica Psiquiatra do Instituto Bairral de Psiquiatria


Publicado

em

por

Etiquetas:

Comentários

Um comentário a “Patologia em foco: Retardo Mental”

  1. Avatar de Valdir alves pereira
    Valdir alves pereira

    Pessoas com complexos de inferioridade, rejeição e incapaz de concentrar-se em uma tarefa, sofre de alguma patologia ?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *