1º Simpósio latino-americano de degeneração lobar frontotemporal

Nos dias 14, 15 e 16 de junho de 2012 o Instituto Bairral esteve presente no 1° Simpósio Latino-Americano de Degeneração Lobar Frontotemporal e 3º Simpósio Brasileiro de Degeneração Lobar Frontotemporal, realizados em Belo Horizonte (MG).

A degeneração lobar frontotemporal (DLFT) é considerada a segunda causa mais frequente de demência de início precoce depois da doença de Alzheimer. Essa síndrome é dividida em três subtipos: a demência frontotemporal, a afasia progressiva primária e a demência semântica. A demência frontotemporal é caracterizada por transtornos progressivos de comportamento, o que implica diagnóstico diferencial importante com doenças psiquiátricas. A afasia progressiva primária e a demência semântica são caracterizadas por disfunções da linguagem, e também comumente por alterações comportamentais. Os primeiros sintomas da doença ocorrem entre os 40 e 60 anos, média de 55 anos; depois de 35 anos a prevalência dobra a cada 5 anos. O impacto da doença na mortalidade desses pacientes, comparada com outras demências (idosos), é de 69% após 5 anos de diagnóstico.

Foram citadas características clínicas como a desinibição, apatia, perda de empatia, condutas perseverativas, estereotipias, compulsões, hiperoralidade, hiperatividade e impulsividade, sendo a desinibição o critério mais preciso. Temas como a teoria da mente, cognição social, moralidade e empatia foram discutidos; esses pacientes apresentam dificuldade de adaptar posturas, colocar-se no lugar do outro, insensibilidade à culpa.

Para a avaliação do perfil neuropsicológico foram citados inicialmente os screenings gerais, após os testes de funções executivas, habilidades mnésicas, habilidades visuoespaciais, empatia, juízo moral e tarefas de multitasking. Ressaltou-se o papel do neuropsicólogo na escolha dos testes e para a correta interpretação dos resultados.

Em palestra que abordou a afasia progressiva primária foram diferenciados seus subtipos não fluente, semântica e logopênica e os tipos de intervenção propostos, como a reabilitação cognitiva com neuropsicólogo atuando com foco na fala e linguagem; a abordagem incluiu os déficits fonológicos, disgrafia, agramatismo e anomia, a intervenção individual e em grupos, podendo-se trabalhar também a socialização mediante uso da musicoterapia e da dança, sempre com metas direcionadas à funcionalidade do paciente; e ainda a redução do impacto dessas alterações nas atividades de vida diária funcionais e ocupacionais do indivíduo. O tratamento farmacológico da variante comportamental da DLFT foi abordado pela professora francesa Florence Pasquier; a medicação “Trasodona” continua sendo a mais efetiva segundo pesquisas atuais, dividindo a dosagem segundo dois perfis: a) agressão, ansiedade, irritabilidade; e b) desinibição, comportamento motor aberrante.

Outros aspectos examinados foram a intervenção com a família e cuidadores, o trabalho em grupos de suporte e os programas de aconselhamento. Ressaltou-se a necessidade de ter o “foco no problema”, e de identificar a situação estressora (comportamento do paciente) para que a família e os cuidadores possam ressignificar a emoção.

O evento constituiu uma ótima oportunidade de atualização em torno de um tema de grande relevância clinica, com larga interface junto a várias disciplinas das neurociências, concorrendo desse modo para que continuemos a proporcionar aos nossos pacientes um tratamento diferenciado.

Autora: Patrícia G. Del Cistia


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