Funcionários dos setores de psiquiatria, psicologia, enfermagem, terapia ocupacional, serviço social e odontologia do Instituto Bairral estiveram no dia 24 de novembro em S. Paulo (SP), participando do Simpósio “Esquizofrenia: como diagnóstico e trato”, realizado pelo Departamento e Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Projeto Esquizofrenia (Projesq) e Centro de Estudos do IPq. O evento foi coordenado pelos professores Dr. Hélio Elkis e Dr. Mário Rodrigues Louzã Neto e aconteceu no anfiteatro do IPq.
Representando a psiquiatria do Bairral compareceram o Dr. Luiz Cláudio de Abreu Bustamente e o Dr. Marcelo Pinheiro Machado Adelino; da psicologia, Benigna Peres Gonzales de Moraes Sarmento, Fernanda Evelma Picolli Iamarino, Marina Bittar Capatto e Cassiana Samora Galdi; da terapia ocupacional, Ana Carolina Olbi Grosso, Aline Coraça Trevelin e Gabriela Novaes Cardoso; do serviço social, Silvana Cristina Pugina Guilherme; da enfermagem, Roberta Inácio do Couto Rossi; da odontologia, Dr. Antônio Carlos Crivelaro.
O simpósio foi aberto às 8h30 e prolongou-se até as 18h00, com intervalo de almoço das 13h00 às 14h00. No total, teve a formação de quatro mesas, que abordaram os seguintes assuntos: Mesa 1 – Pródromo e primeiro episódio de esquizofrenia; Mesa 2 – Múltiplos episódios e pacientes não aderentes; Mesa 3 – Esquizofrenia refratária e super-refratária; Mesa 4 – Papel das intervenções psicossociais na reabilitação e integração. O evento teve uma grande procura, tanto que as inscrições foram encerradas um mês antes de sua realização.
Na abertura do simpósio, o Prof. Dr. Hélio Elkis fez breve exposição do que seria abordado ao longo do dia, ressaltando que é de suma importância que o tratamento da esquizofrenia se inicie o mais rápido possível, no chamado período prodrômico, que é quando as manifestações aparecem, mas o primeiro surto psicótico ainda não aconteceu. Agindo de maneira imediata, as possibilidades de recuperação do paciente se ampliam, ao contrário de quando a doença já se cronificou.
A cada surto psicótico, maior massa cinzenta do cérebro é perdida, havendo, portanto, significativo comprometimento cognitivo. Partindo do pressuposto de que a esquizofrenia já se cronificou, como então lidar com ela? Palestrantes então se pronunciaram usando casos clínicos como exemplo; outros se fundamentaram apenas na teoria, mas, no final, a esquizofrenia se viu vasculhada sob enfoques de recaídas e manejo, falta de adesão ao tratamento e o papel da família nas recaídas e na falta de adesão do paciente.
Foram destaque no evento as considerações sobre esquizofrenia refratária, antes detentora do mito de condição intratável; hoje, com a clozapina, bons resultados são obtidos. Sobre a super-refratária, boas alternativas de como abordá-la foram sugeridas.
A última parte do simpósio ficou por conta de discussões sobre a importância da terapia ocupacional, da reabilitação cognitiva, do treinamento de habilidades sociais e da terapia cognitivo- comportamental na reabilitação e reintegração social do paciente esquizofrênico.
No encerramento, o professor Dr. Mário Louzã enumerou os dez mandamentos para o tratamento da esquizofrenia. Vale a pena conferir:
I – Começarás o tratamento o mais rápido possível – quanto antes iniciado, melhores resultados serão conseguidos.
II – Tratarás o primeiro episódio de surto psicótico rigorosamente. Dar sequência ao tratamento de manutenção, não parar com a medicação e gerenciar os efeitos colaterais.
III – Introduzirás rapidamente clozapina se o paciente não responder à sequência de medicamentos antipsicóticos.
IV – Evitarás a politerapia de antipsicóticos.
V – Farás o tratamento de manutenção de forma continuada, sem interrupção do antipsicótico.
VI – Ficarás sempre atento à adesão do paciente.
VII – Utilizarás antipsicótico injetável.
VIII – Cuidarás das comorbidades físicas e mentais e dos efeitos colaterais dos medicamentos, como depressão e abuso de drogas.
IX – Utilizarás todos os recursos e abordagens psicossociais.
X – Manterás postura otimista e cautelosa perante o paciente e sua família.
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