A FUNDAÇÃO ESPÍRITA AMÉRICO BAIRRAL, mantenedora do Instituto Bairral de Psiquiatria vem a público para prestar os esclarecimentos que julga necessários para que dúvidas não pairem sobre a sua atuação em nossa cidade. Tais esclarecimentos tornam-se necessários em face de boatos que vêm sendo difundidos a respeito do acolhimento de dependentes químicos que o Instituto vem oferecendo.
Em primeiro lugar cabe ressaltar que o Bairral sempre prestou esse tipo de assistência, tanto em suas unidades externas, destinadas a pacientes particulares e de outros convênios, quanto na ala destinada a paciente SUS, sem qualquer transtorno causado à comunidade itapirense.
Como se torna evidente, o problema da dependência química vem crescendo em todo o país, constituindo-se num dos mais prementes e cruciais problemas de saúde pública. Atentos a essa questão e em consonância com a sua filosofia, mantida já há várias décadas, de se constituir em posto de socorro às pessoas atormentadas pelas doenças mentais, a Fundação decidiu, já em 2009, firmar um convênio com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, destinando 105 dos seus 511 leitos ao tratamento desses pacientes.
Para tanto, colocou em prática projetos terapêuticos inovadores, sob supervisão de um dos mais renomados especialistas nesse campo, o prof. Dr. Ronaldo Laranjeira, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Assim, já há mais de quatro anos esse serviço vem sendo prestado sem que nenhum tipo de problema tenha afetado a população de nossa cidade.
Mais recentemente, celebramos outro convênio com a referida secretaria, passando a atender mais 15 pacientes dependentes grávidas, prestando-lhes toda a assistência psiquiátrica e clínica, para que possam levar a gestação a bom termo, tanto para elas como para os nascituros.
Em 2012, também mediante convênio com a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, implantamos uma Comunidade Terapêutica Rural Modificada, na fazenda Santa Carlota, de nossa propriedade, com o acolhimento de 80 pacientes em regime de internação voluntária, para consolidar a sua recuperação, visando ao resgate de sua dignidade como seres humanos, para que, enfim possam reconstruir suas vidas, deterioradas pela dependência.
Por fim, ainda atendendo a uma demanda crescente, estamos destinando mais 100 leitos para atendimento desses pacientes, em substituição a igual número de psicóticos crônicos, que foram ou estão sendo deslocados para outras instituições. Naturalmente, essa iniciativa exigiu uma expressiva ampliação de nossa equipe de profissionais, o que já está em vias de conclusão, com a contratação tanto de pessoal de nível técnico como de apoio.
Com exceção da Comunidade Terapêutica Santa Carlota, que representa um acréscimo em nossa capacidade instalada, todos os outros leitos destinados ao tratamento de dependentes químicos constituem simplesmente remanejamento de pacientes, mantido sempre o total de 511 leitos de nosso convênio com o SUS.
Quanto aos rumores que, segundo soubemos, vêm circulando pela cidade, cumpre esclarecer não ser verdade que a “Cracolândia está sendo transferida para Itapira”. Alguns dependentes daquela região têm sido encaminhados para tratamento, mas sempre são levados de volta após a alta.
Também não há nenhuma possibilidade de que pacientes de outras cidades resolvam “ficar” em Itapira, pois todos, por ocasião da alta hospitalar, são encaminhados com a contra-referência para a continuidade do tratamento em suas cidades de origem.
Outra questão que vem sendo levantada refere-se a evasão de pacientes. É de se destacar que elas de fato, esporadicamente, ocorrem, com praticamente todos os pacientes e não somente com dependentes químicos. Mas em todos os casos, são efetuadas buscas e, em geral, os pacientes acabam localizados e reconduzidos ao hospital. Nos raros casos em que isso não acontece, eles geralmente voltam para suas cidades, para suas famílias.
Quer-nos parecer, por fim, que esses rumores têm origem na desinformação e no preconceito com que ainda são tratados os dependentes químicos. É preciso ter em conta que essas pessoas são doentes e, portanto, precisam de tratamento e não de condenações morais. E é exatamente isso que o Bairral vem procurando fazer, oferecendo a essas criaturas toda uma estrutura terapêutica adequada para cada uma das fases de suas patologias, desde a internação hospitalar, passando pelo retorno para tratamento ambulatorial, e, alternativamente, o acolhimento na Comunidade Terapêutica para consolidação de sua recuperação, chegando, por fim, às chamadas repúblicas terapêuticas destinadas à sua reinserção social.
Queremos finalizar tranquilizando a comunidade itapirense. Com base em nossa experiência de décadas no tratamento de doentes mentais de todos os tipos e de todos os graus, certamente teremos condições de dar conta desse novo desafio, proporcionando o melhor aos nossos assistidos, sem que nenhum transtorno venha a incomodar a nossa comunidade.
Itapira (SP), 23 de janeiro de 2014
Alberto Luís de Mello Rosatto
Presidente do Conselho Diretor
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