Em 14 de março foi realizada no anfiteatro do Instituto Bairral de Psiquiatria a IV Jornada Preparatória para o XXIII Congresso Brasileiro da ABEAD – Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas, cujo tema principal foi “Mulheres, álcool e droga: qual é o peso do gênero”.
O evento reuniu especialistas em dependência química, contando com a presença de mais de 120 estudantes e profissionais que trabalham na área, inclusive funcionários do Instituto Bairral que atuam nos setores de dependência química, especialmente aqueles que desenvolvem ações voltadas ao público feminino usuário de álcool e outras drogas.
A enfermeira Beatriz Zanqueta e a psicóloga Camila Mistro, funcionárias do Instituto Bairral, apresentaram inicialmente breve relato sobre o trabalho das enfermarias de mulheres e gestantes atendidas pelo SUS. Na ocasião houve também uma exposição de trabalhos realizados na Terapia Ocupacional pelas gestantes.
A jornada iniciou-se com uma videoconferência da Dra. Maristela Monteiro sobre o tema “Violência e álcool nas Américas”, na qual ressaltou o papel do álcool em traumas, lesões e na violência íntima e doméstica. Disse a videoconferencista que os dados mostram que, quanto maior a desigualdade social e de poder em relação aos gêneros de um país, maiores as chances de problemas com violência entre parceiros íntimos.
A psicóloga e doutora em Psiquiatria Clarice S. Madruga apresentou os dados dos dois últimos levantamentos nacionais sobre o consumo de substâncias psicoativas realizados no Brasil entre 2006 e 2012. Eles indicam que houve um aumento no consumo de álcool entre as mulheres e principalmente uma elevação no uso de derivados anfetamínicos e produtos conhecidos como “legal highs” no Brasil.
A psiquiatra Dra. Ana Alice Gigliotti mostrou a associação das oscilações hormonais nas mulheres com o desenvolvimento de sintomas no humor.
A Dra. Alessandra Diehl, psiquiatra do Instituto Bairral, abordou a questão do estigma como um dos fatores que dificultam o acesso ao tratamento da dependência química, especialmente em populações mais vulneráveis ao preconceito.
O encontro teve prosseguimento com a participação do professor Dr. Mauro José Braz, que abordou os perigos da síndrome alcoólica fetal.
A Dra Neliana B. Figlie ressaltou que filhos de dependentes químicos são mais vulneráveis a se tornarem dependentes de substâncias psicoativas.
Já a psicóloga Sabrina Presman destacou a importância da facilidade de acesso ao tratamento, considerando questões sobre gestação, maternidade, violência sexual e presença de comorbidades.
Concluindo o evento, a Dra Mônica Zilbermann fez uma atualização das boas práticas clínicas na prevenção, no tratamento e nas políticas públicas voltadas para a questão do álcool e das drogas.
A Jornada trouxe dados atuais e deixou bastante evidente a gravidade dos malefícios do álcool e outras drogas nas mulheres, ressaltando a importância de um tratamento especializado.
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