A Dra. Alessandra Diehl, médica psiquiatra do Instituto Bairral, retornou do workshop sobre saúde sexual e reprodutiva realizado em Genebra, na Suíça, com muitas novidades na mala de viagem e imensa gratidão para com toda a equipe da Geneve Foudation for Medical Research, em especial ao Dr. Karim Abawi. Ela relata estar muito agradecida pela rica oportunidade de participar de um espaço de intensa interação científica e cultural entre os 15 países de baixa e média renda do mundo selecionados para o evento. Brasil, Equador, Argentina, Malawi, Malásia, Índia, Líbano, Egito, Bangladesh, Nigéria, Burkina Faso, Geórgia, Bahrein e Paquistão estiveram representados.
A médica destaca que na semana de 14 a 18 de setembro de 2015 participou de uma jornada de trabalho bastante intensa, na qual recebeu importante formação sobre Ética em Pesquisa em Sexualidade oferecida pela equipe do Global Health Training Centre. Também foram apresentados diversos e interessantes protocolos de pesquisa na área da sexualidade, envolvendo temas como aborto ilegal, parto não seguro, educação sexual para adolescentes portadores do vírus HIV, depressão pós-parto, ensaio clinico sobre técnicas cirúrgicas de endometriose ovariana e avaliação de saúde mental de meninas muçulmanas que se casam na adolescência em zonas rurais, entre tantos outros.
O Brasil apresentou o protocolo sobre a pesquisa de campo que vem sendo desenvolvida pelo Grupo de Estudos em Sexualidade (GESEX) da UNIFESP, liderado pela Dra. Denise Leite Vieira e pelo Dr. Jair de Jesus Mari, sobre os novos critérios de incongruência de gênero da CID 11. A Dra. Alessandra Diehl relata que o que mais apreciou no workshop foram as palestras sobre saúde sexual e reprodutiva na adolescência proferidas pelo Dr. Chandra-Mouli, das quais destacou as seguintes tendências:
- A cada hora no mundo um adolescente é infectado pelo vírus HIV.
- Muitos adolescentes, especialmente os mais vulneráveis ou marginalizados, não estão sendo alcançados por programas de saúde sexual e reprodutiva.
- Centros destinados aos jovens (nos quais só existe recreação), educação em pares e encontros e palestras sobre saúde sexual e reprodutiva dirigidas ao público adolescente têm se mostrado ineficazes, apesar de continuarem sendo abordagens ainda muito populares.
- Programas de educação em saúde sexual baseada em pares beneficiam mais os pares educadores do que propriamente os adolescentes que o programa quer atingir.
- As boas práticas em saúde sexual são raramente implementadas para adolescentes. Temos que parar de gastar recursos em programas que já se mostraram de baixo custo/ benefício e pouco impacto.
- Programas de educação sexual baseados em estratégias comportamentais e afirmativas oferecidas de forma intensiva ou de longa duração são mais efetivos.
- Apesar de todos os esforços de lideranças humanitárias de todo o mundo, o casamento entre adolescentes e a mutilação genital feminina em alguns países de origem islâmica seguem sendo uma realidade assustadora.
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